Entre Palavras e Sentidos: A Leitura na Linguagem

Sabemos que a prática da leitura é essencial para nosso desenvolvimento. Em um post anterior, abordei um pouco sobre a importância da literatura. Nesse mesmo post, comentei que a leitura e a literatura caminham de mãos dadas quando se fala sobre sua importância no desenvolvimento humano. Neste post, vamos comentar mais especificamente sobre a leitura em duas áreas diferentes: a linguística e a linguagem.

Antes de iniciar o assunto, é preciso fazer uma breve explicação sobre esses conceitos — todos os conceitos estão sendo retirados do livro Manual de Linguística, de Martelotta. A linguística pode ser resumida como “a disciplina que estuda cientificamente a linguagem”; porém, essa é uma explicação rasa e simples, que pode ser integrada com mais conceitos, relacionando-os principalmente com a língua e a linguagem. Esta última pode ser definida como qualquer processo de comunicação e também como uma habilidade, já que apenas seres humanos conseguem se comunicar por meio de línguas.

Já estabelecida essa base, podemos comentar um pouco mais sobre seu uso prático. Comumente, ao se falar sobre esse tema, vamos diretamente à primeira infância, quando aprendemos a nos comunicar. Diversos pesquisadores criaram teorias para explicar essa aquisição; porém, não vou explicar todas aqui, apenas a que é mais aceita dentro da comunidade científica.

A Hipótese Construtivista, desenvolvida por Jean Piaget (1978 e 1990), aborda a interação entre pessoa e ambiente. Ou seja, a partir dos 18 meses — para o autor — a criança está no “estágio sensório-motor”. Isso significa que, nesse período, ela desenvolve relações entre o significante (objeto) e o significado (o que ele representa). A partir daí, inicia-se o desenvolvimento da linguagem. No final, essa teoria aponta que esse conhecimento é desenvolvido através do tempo e, principalmente, da interação com o ambiente.

Mas como exatamente isso se relaciona com a linguagem? Quando somos crianças e estamos aprendendo uma língua, é necessário que sejamos expostos a ela de todas as formas: desde ouvir — podendo ser entre os adultos conversando, ou em vídeos e músicas — até brinquedos pedagógicos e livros infantis. Dessa forma, nosso vocabulário se expande e nos tornamos criativos. Com o tempo, essa criatividade é posta em prática, quando lemos textos e não sabemos o significado de uma palavra, mas nosso cérebro já se desenvolveu o suficiente para compreendê-la pelo contexto ou pela sua formação.

Porém, vale ressaltar que essa exposição não é exclusiva da primeira infância. Uma matéria da BBC fala um pouco com o poliglota e escritor Alex Rawlings. Ao todo, ele fala 15 línguas e deu 6 dicas para quem também quer aprender. Uma das principais dicas é conviver com o idioma, tê-lo em sua rotina, aprender as frases mais usadas e falar consigo mesmo, consumir conteúdo e tentar vivenciar um pouco da cultura do país. Diversas pessoas que viajam constantemente relatam que, justamente por estarem vivendo aquele idioma na prática, acabam aprendendo uma língua — ou pelo menos compreendendo-a muito melhor do que aqueles que nunca tiveram contato anteriormente.

É possível observar isso com o inglês, considerado a língua universal e muito presente na cultura de massa. Dificilmente quem vive muito na internet não sabe o básico do inglês — pelo menos ler pequenas frases ou compreender trechos de músicas.

Onde a leitura se encaixa nisso tudo? Bom, sabemos que ler ajuda o cérebro a absorver diversas informações que normalmente a audição não capta: “a melhor forma de absorver as dezenas de milhares de palavras e suas variadas conotações, as infindáveis combinações léxicas e os padrões gramaticais complexos imprescindíveis para uma fluência avançada em um idioma.” (Victor, 2021)

Ainda é muito estudada a forma como o cérebro absorve informações, e como os seres humanos se tornam capazes de aprender uma língua nova do zero. Mas é inegável o quão incrível e potente é nosso cérebro. A área de linguagem e linguística é extremamente extensa e, ao mesmo tempo, muito interessante de se estudar. Esse post foi um resumo sobre aquisição da linguagem — uma das minhas áreas favoritas, perde apenas para a linguística textual.

Um abraço e até a próxima vez!!!

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