Entrando agora dentro do Realismo Brasileiro, trago curiosidades sobre um dos maiores escritores da história da literatura do Brasil (e, na minha opinião, do mundo também!): Machado de Assis.
Joaquim Maria Machado de Assis é considerado o maior nome da literatura brasileira. Sua trajetória, no entanto, foi marcada por adversidades e uma força de vontade incomum, que o levou da condição de menino pobre e mulato no Morro do Livramento ao posto de fundador e primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras. Agora, partimos para as curiosidades desse grande gênio da literatura brasileira:
#1 — O “Bruxo do Cosme Velho” e seu ceticismo irônico:
O apelido “Bruxo do Cosme Velho” surgiu de uma crônica de 1896, onde um vizinho, brincando, pediu que ele “fizesse chover” para apagar um incêndio. A imagem do “bruxo” pegou, associada à sua visão profunda e desencantada da natureza humana. Machado era um cético, fazendo jus ao movimento literário que maior parte de suas obras se encontram: o realismo. Sua obra, especialmente a partir de “Memórias Póstumas de Brás Cubas” (1881), é marcada por uma ironia fina que questiona as certezas da sociedade, as hipocrisias, o amor romântico e as instituições. Ele não oferece respostas fáceis, mas expõe as contradições do ser humano em suas principais facetas.
#2 — A questão racial e a “política da caneta”:
Estudos recentes, baseados em documentos da época, mostram que Machado praticava uma “política da caneta”. Sua crítica era sutil, mas profunda. Em Memórias Póstumas, a personagem Prudêncio, o escravizado que Brás Cubas vende para alforriar e que depois se torna um senhor de escravos, é uma das mais contundentes críticas à mentalidade escravista e à “dialética da senzala e da casa-grande”. Sua atuação na imprensa abolicionista, como na revista “A Ilustração Brasileira”, também é um testemunho de seu engajamento. Como homem mulato em uma sociedade escravocrata e profundamente racista, Machado adotou uma postura complexa, porém trazendo suas críticas explicitamente dentro das entrelinhas de suas obras.
#3 — A Fundação da Academia Brasileira de Letras:
Machado não foi apenas um fundador da ABL, ele foi seu arquiteto intelectual. Ele propôs o modelo baseado na Academia Francesa, visando institucionalizar a literatura e a língua portuguesa no Brasil, dando-lhes um estatuto de seriedade e perpetuidade (trazendo parte da historiografia literária identitária brasileira) . Seu discurso de posse, analisado em documentos da própria ABL, reflete seu projeto de criar uma “república das letras” que transcendesse as divisões políticas e busca as mais profundas reflexões da sociedade.
Machado de Assis é hoje reconhecido internacionalmente como um dos maiores escritores de todos os tempos, indo muito além de apenas uma “caixa” de escola literária (até porque muitas podem ser analisadas de múltiplas perspectivas). Sua obra, que parecia falar de um Rio de Janeiro específico, mostrou-se universal ao explorar os meandros da psicologia humana, a loucura, o ciúme, o egoísmo e a complexidade moral. Ele não é apenas um clássico, é um autor permanentemente moderno que demonstra as nuances daquele século até o século atual em alguns parâmetros dentro da sociedade.
Espero que tenham gostado. Até a próxima!