A fama e o encanto das irmãs March, personagens criadas pela escritora norte-americana Louisa May Alcott, não são uma surpresa para o público. Publicada originalmente em 1868, Mulherzinhas transcendeu o século XIX, período marcado por grandes acontecimentos históricos, até ao século XXI. Contudo, o verdadeiro destaque do livro está na abordagem revolucionária da luta pela igualdade de gênero.
Vivendo em uma família à margem da pobreza e no contexto da Guerra Civil norte-americana, Mulherzinhas retrata a história de quatro irmãs em sua transição da infância para a vida adulta, enfrentando os desafios impostos pela sociedade da época.
Margaret — ou Meg —, é a primogênita das irmãs March, se destacando pela personalidade serena e favorável ao que se esperava de uma mulher naquela época. Josephine March — Jo —, é a segunda irmã, sendo o total oposto Meg. Jo é uma personagem destemida, apaixonada pela escrita e por livros, tendo como o seu grande sonho torna-se escritora, o que a torna diferente do ideal esperado de uma mulher para a época em que a história se passa. Elizabeth March — Beth —, é a terceira irmã, sendo a mais contida, tímida e paciente de todas, o elo que conecta todas as irmãs, fazendo com os leitores desta obra desenvolvam mais afeição a cada página lida em que a personagem aparece. Então, por último, temos Amy March, a caçula das irmãs, tendo uma personalidade artística e um dos desenvolvimentos mais interessantes ao decorrer da história.
Todas as irmãs, mesmo com suas diferenças, despertam algo de nós, leitores: a certeza da busca pelo nosso espaço na sociedade.
Por isso, mesmo durante o século XXI, esta obra permeia a cultura literária, pelo seu valor histórico, considerando que foi uma das primeiras obras que demonstrou a luta pelo espaço e pela voz da mulher no mundo. Além disso, demonstra as relações femininas — neste caso, das irmãs March —, que podem variar da maior afeição existente para o pior conflito existente e, mesmo assim, se tornam únicas.
O ponto crucial é que, mesmo após anos da publicação da obra, a luta pela igualdade entre gêneros persiste. A conquista por um espaço social e público de uma mulher, independente do campo de atuação, ainda continua. Essa obra nos relembra que essa discussão começou há muito tempo, marcando seu papel como um clássico atemporal.
Mulherzinhas é uma verdadeira “roda-gigante” de emoções, pois nessa história acompanhamos a luta de Jo para se tornar uma grande escritora, a abdicação de Meg para viver sua vida doméstica e pacata, a história de Beth, assim como o desejo de reconhecimento artístico de Amy. É uma obra antiga, historicamente, mas ainda muito atual.
Por fim, é uma excelente recomendação para quem deseja começar a ler clássicos literários da literatura norte-americana, além de oferecer uma história carregada de reflexões atemporais, que, com certeza, irão atravessar as gerações futuras.
-12/03/2025