Música e literatura.

Música e literatura, a intertextualidade poética e perpétua.

Música e livros, diria que são duas das minhas coisas favoritas no mundo, a forma que ambos descrevem um pouco sobre nós e o mundo que vivemos, por meio de metáforas, comparações e referências, fazendo surgir do nosso âmago sentimentos e ideias que nos marcam de forma profunda.

A literatura sempre encontra formas de se manter relevante no presente de diversas formas diferentes.Obras literárias possuem tantas camadas diferentes, e é lindo como é possível explorar essas camadas de formas diferentes e ressignificar ações e personagens. 

É o caso da música Ophelia do The Luminners, onde narra a visão do Eu Lírico sobre a amada Ofélia, claramente inspirada na personagem de Hamlet. 

A primeira aborda como o amor é “cair diretamente na toca do coelho”, ou seja, um lugar que você não sabe para onde vai, confuso, com desventuras. Já a segunda continua com a percepção que um relacionamento é desconhecido, onde o País das Maravilhas retrata algo que não é o que aparenta. 

Então seguimos a personagem em uma jornada por esse lugar onde as regras não se aplicam a nossa realidade, fazendo alusão que o amor possui suas próprias regras. Porém, assim como Alice enxerga que o espaço em que está não é tão maravilhoso, percebemos que o amor e relacionamentos também não são tão maravilhosos assim.

Na obra de Shakespeare, o romance de Hamlet e Ofélia é marcado por tragédia, apesar dele amar a garota: “Eu amava Ofélia. Quarenta mil irmãos, com todo seu amor, não ultrapassaram o que eu sentia por ela”. Ele possui um certo remorso com figuras femininas por conta das atitudes da mãe.

A música diz “eu deveria ter sabido mais; E eu não consigo sentir nenhum remorso”, dando a entender que ele gostaria de agir diferente, mas não sente o pesar, enquadrando corretamente com o personagem de Shakespeare.

O autor trata essa visão do casal trágico de uma forma mais atual, ainda deixando o significado e a essência trágica e melancólica da obra original.

Essa é uma bela forma de homenagear e manter viva uma obra tão atemporal e marcante na história, podendo reestruturar a obra, porém mantendo sua essência, o cerne da criação.

Trazendo para o mundo do POP, um dos nomes mais falados é o da Taylor Swift (amada por muitos, odiada por vários), porém a mesma traz a literatura em não uma, mas várias de suas canções, uma das minhas favoritas “Long Story Short” e “Wonderland” falam explicitamente de “Alice no País das Maravilhas”. 

 

And in the end, in Wonderland, we both went mad”

“E, no final, no País Das Maravilhas, nós dois enlouquecemos” 

Não vejo muito no Brasil essa cultura de retomar a literatura clássica em outras formas de arte, como músicas por exemplo, logo, seria possível pensar que o contexto histórico do nosso país tem alguma relação com essa “falta” de obras e variedade de temas que trazem essa mistura de gêneros literários? Essa mistura de literatura com canções é realmente uma forma de homenagem?

Comentem outras músicas que vocês enxergam homenagens e como elas de alguma forma tiveram algum impacto em vocês.

Obrigada a todos que leram!!  

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Isa e Mari

Estudantes de Letras

Somos duas amigas que compartilham de uma paixão pelas áreas da linguística e literatura, com isso, decidimos compartilhar nossos aprendizados, ideias, resenhas e outras coisas a mais…

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