“Dele era a Pousada Marco do Percurso, como dele era também o terceiro silêncio. Era apropriado que assim fosse, pois esse era o maior silêncio dos três, englobando os outros dentro de si. Era profundo e amplo como o fim do outono. Pesado como um pedregulho alisado pelo rio.”
- Autor: Patrick Protheus
- Ano de publicação da obra: 27 de março de 2007
- Quantidade de páginas:
- 656 Gênero: Fantasia e Alta Fantasia
- Lido dia: 07/01-15/03
- Avaliação: 4,5 estrelas
- Livro 1 de 4
Neste livro, vamos acompanhar a história de Kvothe, um heroi, uma lenda, um assassino…
A cada capítulo somos inseridos a esse universo e como ele funciona, na medida que o próprio protagonista quer nos contar, afinal somos apenas telespectadores curiosos sobre o que fez desse personagem mais que apenas um homem…
Tive uma boa surpresa ao começar a leitura, já que logo as primeiras linhas são extremamente envolventes, e a história não demora para seguir um curso bem diferente do que eu imaginava. Durante todos os capítulos eles brincam com o passado e o presente, contando uma história e dando pausas para desenvolver o que acontece fora dela. Não quero falar tanto da estrutura desses capítulos, pois acho que para quem chegou sem saber de nada da história -assim como eu- vai ter uma surpresa bem divertida.
A escrita é extremamente poética, o que não é ruim, porém para aqueles que -assim como eu- não lidam tão bem com ela, pode ser um empecilho. Porém não deixa de ser muito bela a sua maneira, os momentos trágicos são possíveis sentir na pele, toda a dor e melancolia que nosso protagonista carrega é sentida através das narrações, nós acompanhamos suas motivações, sentimentos, expectativas, através de descrições simples, mas que possuem o peso que a cena merece.
“Era um silêncio de três partes.
O mais óbvio era um silêncio vasto e ressonante, feito de coisas que estavam ausentes. Se houvesse vento, ele sussurraria através da casa, batendo as janelas e soprando as cinzas frias da lareira. Se houvesse conversas, elas estalariam e ecoariam pela noite, como pão fresco estalando ao esfriar. Se houvesse música… mas não havia música. Não havia vento, não havia conversas, não havia música. Esse era o primeiro silêncio.”
O livro inteiro é extremamente simbólico, Patrick utilizou bastante da semiótica para tratar de assuntos como religião, política, poder e emoções, algo interessante é que além do Kvothe, temos outro protagonista, que é citado sempre que algo de importante ocorre com o personagem principal. A figura do vento é muito bem trabalhada, e não está lá à toa, em determinado momento da obra percebemos que ele estava sondando a história desde o princípio, e tudo com um objetivo.
É impossível não se apaixonar pelo Kvothe, e pelos outros personagens (principalmente os envolvidos na história), todo o mistério também nos deixa arrepiados, o clima sombrio construído através da figura do chandriano e o fato de não sabermos quem, ou o que ele é, deixa ainda melhor. Nós como leitores ficamos entusiasmados, e levamos para o pessoal tudo o que acontece com o personagem, (e definitivamente não é pouca coisa).
No geral é uma narrativa que trabalha pontos profundos, como perda, miséria, justiça e traumas na hora e medida certa. Sendo tratados com o peso que merecem e não banalizados, aqui, ações possuem consequências, e essas não são resolvidas em poucos capítulos.
O Nome do Vento, uma fantasia de altos e baixos, leve e ao mesmo tempo denso. Algo que todo fã de fantasia deveria ler.
Por hoje é isso, espero que se apaixonem por essa obra tanto quanto eu.
Até a próxima!!
